Ontem foi um dia intenso, reunião ao início da manhã, convenção a meio da tarde e jantar de aniversário de um familiar à noite. Não faltou animação.
Esta semana está a ser interessante. Este percurso pela espiritualidade está a chegar a um ponto mais equilibrado. Quando mergulhamos nos ensinamentos mais profundos da filosofia oriental, a nossa visão da vida e do mundo muda. Quando sentimos que existimos apenas para existir, não há uma razão, um motivo, uma missão ou um destino, todos os fundamentos abanam. Um sentimento perfeitamente natural de aparecer é a vontade de começar tudo do zero. Claro que isso não é possível de um momento para o outro, especialmente quando temos responsabilidades como família a depender de nós. Vivemos, então, um período bem turbulento.
No entanto, não tem que ser assim. Viver a espiritualidade não é algo reservado a monges, ascetas ou indivíduos em grutas nos Himalaias. Pode ser perceber que somos mais do que este ser humano frágil e receoso que sentimos, refletir sobre isso, meditar sobre isso. Até ao momento da iluminação, sentiremos sempre que somos esta pessoa, este ego.
Assim, as nossas atividade do dia a dia não necessitam sofrer qualquer impacto. A única coisa a fazer é perceber que somos um brinquedo ao serviço do criador, que esta pessoa é um grão de areia num universo infinito. Então, resta-nos usufruir desta experiência e fazermos o que temos que fazer sem pressões, sem drama, porque não temos nada a provar, nenhuma missão missão divina a cumprir, o único propósito da vida é existir. Podemos ter as atividade mais intensas, as responsabilidades mais elevadas, se tivermos sempre em mente que não somos nada importantes, que a nossa mente não passa de um conjunto de pensamentos automatizados, que tudo apenas acontece, não por nós nem para nós, então, a separação entre material e espiritual esbate-se. E em nada impede a evolução espiritual e o nosso percurso.
Uma citação de Krishna no Bhagavad Gita acompanha-me nos últimos dias: Think of me and fight the battle of life. Enquanto sentirmos que somos esta pessoa, fazemos o que temos que fazer com brio, com empenho; mas temos sempre em mente que a nossa verdadeira natureza é a consciência e não este conjunto de pensamentos e sentimentos que assumimos ser a nossa personalidade.