Começar pela base
Tal como uma casa se começa a construir pelos alicerces, pela base, também faz sentido desenhar a nossa existência pelo princípio.
As primeiras coisas a considerar deveriam ser: o que é o universo? De onde veio? Como foi criado? E eu? O que sou? Como apareço aqui? Porquê? Começamos mal, porque a maioria das pessoas não conhece uma resposta satisfatória para estas questões.
A ciência ainda está no início do big bang, a matemática ainda não chegou ao momento do big bang, menos ainda ao que, eventualmente, o originou. Temos muitas teorias, temos também a física quântica que está a colocar algumas teorias estranhas, como a influência do observador ou conectividade entre tudo. O facto de tudo ser energia e a solidez da matéria estar a desaparecer bem em frente dos nossos olhos é um golpe duro no referencial científico, pelo menos, Ocidental.
O lado da espiritualidade apresenta respostas. Na espiritualidade, temos religião e algumas escolas filosóficas que se debruçam sobre estes temas. É quase consensual que o que chamamos existência tem origem no espírito, conhecido por vários nomes como Tao, Deus, Brahman, Alá, etc… As respostas deste lado também não são 100% satisfatórias, já que não as conseguimos comprovar cientificamente, nem temos uma experiência direta desse espírito: não o vemos, ouvimos, cheiramos, etc… Ao longo dos séculos, vários místicos relatam experiências diretas desse espírito, muitos afirmam que somos esse espírito. Alguns dos seus relatos originaram religiões ou escolas filosóficas.
Sempre me considerei agnóstico, alguém que tem dúvidas, já que esse espírito pode existir ou não. Não sei. E a verdade é que poucos sabem, se alguns. A maioria refugia-se numa crença: ou acredita que existe ou acredita que não existe. Essa posição é confortável, mas afasta-nos do conhecimento da verdade, pelo menos da busca. Por outro lado, crenças religiosas exacerbadas foram uma fonte de problemas no mundo. Como não sei, acompanho o que diz a ciência e estudo conteúdos filosóficos e místicos. Além da base familiar Católica, estudo o Tao Te Ching e Advaita Vedanta. Pelo caminho cruzo-me com o Budismo. Podemos não ter consciência disso, fruto da agitação dos nossos dias, mas este tema é fundamental para termos estabilidade e referências internas.