Conhece-te a ti mesmo - 1
Conhece-te a ti mesmo, quem nunca ouviu/leu esta frase? Reza a história que estaria visível no pátio do Templo de Apolo, em Delfos, tal como está muito associada ao filósofo Sócrates. É um conselho com séculos, milénios.
Conhecermo-nos, olhar para dentro, é bem mais difícil do que parece à primeira vista. Esse trabalho de paciência, diário, de observação interior, apresenta um obstáculo importante: enfrentamos os nossos demónios interiores. Teremos coragem para isso? Mais do que disso, essa luta compensa?
Se queremos fugir desses demónios, então, procurar ocupações e estímulos externos é uma tentação. Ocupar corpo e mente o mais possível, de forma a esquecer e viver sem essas sombras é, provavelmente, a opção mais procurada. Mas eles continuam lá, à espera que a turbulência acalme para dar sinais de vida.
Se queremos viver com equilíbrio interior, então, não podemos deixar de conviver com eles. Começamos por perceber o que são e de onde vêm, para conseguirmos de seguida trabalhá-los e, se tudo correr bem, conviver com eles de forma tranquila. Não vencê-los ou eliminá-los, mas conviver com eles. Foram alimentados durante muito tempo, portanto, também necessitamos de tempo para mudar a nossa relação com eles.
O exercício de autoconhecimento é talvez dos mais difíceis, mas o prémio no final pode ser o que de mais valioso se consegue atingir na vida.