Ideias soltas
Ontem o meu sogro fez 70 anos. Aos 70 anos já temos uma experiência de vida respeitável, já se passou por muito, vimos muitas coisas, passámos por muitas coisas e aprendemos. Em várias pessoas com mais idade encontro um estado mental invejável. Encontra-se mais vezes calma, serenidade, abertura para o próximo, para uma conversa amigável, disponbilidade e encanto perante as crianças, notável...
Curiosamente, a malta dos 30/40/50 ainda está na caçada, ainda está orientada pelos desejos do ego e a procura de algo que vá trazer felicidade. Está no topo das suas capacidades, dada a maturidade físico-mental, mas ainda está à procura, a atenção ainda está virada para fora. Isto é o que observo, mas também eu próprio me identifico com essas características. Estar a escrever estas linhas significa mesmo isso, a criação deste espaço diarístico teve um objetivo inicial (clarificar e sistematizar ideias), logo, estou à procura de algo. Como todos, procuro estar bem, mas enquanto continuar a procurar, estou a depender de algo externo a mim. Mesmo que seja algo com origem em ações minhas.
As diversas fases da vida exigem papéis diferentes. A fase da luta tem muito de agradável, com a nossa capacidade de fazer coisas acontecer a proporcionar muita satisfação. É pena que a nossa fonte inesgotável de desejos quase não permita usufruir das conquistas, já que o final de um acaba por ser o início de outro. Acho que nunca me cansarei de repetir este tema da caçada, dos desejos e a insatisfação permanente, porque são necessárias muitas repetições para que uma ideia se integre no nosso inconsciente e se torne parte da nossa identidade.