No mínimo, não sabemos
Há inícios de dia mais filosóficos do que outros. As questões sobre a origem do universo, o que nos rodeia e a nossa própria existência surgem com maior intensidade. São pensamentos que colocam em causa tudo o que fazemos.
Esta pessoa que está a escrever é possivelmente uma ilusão. Se do lado místico e filosófico esta ideia não é nova nem revolucionária, o mesmo já não se passa no lado da ciência. Quando vemos pessoas como Sam Harris a afirmar que o eu é uma ilusão, as consequências são fortes. Num vídeo deste neurocientista ouvimo-lo dizer que embora tenhamos a sensação de o nosso eu estar algures no cérebro, a verdade é que não há qualquer lugar no cérebro onde estejamos.
O cérebro é uma ferramenta que receciona e interpreta sinais elétricos. Depois há uma entidade que observa, experiencia o resultado do trabalho do cérebro. Essa entidade subjetiva ainda não foi identificada pela ciência. Não sabemos o que receciona todos os inputs do cérebro e da toda a rede a ele ligada.
As perguntas fundamentais continuam sem resposta. Como é possível termos uma vida completa sem essas respostas? Se não sabemos o que somos ou quem somos, toda a nossa "existência" acontece sobre uma base frágil como vidro. No mínimo, não sabemos. No máximo, estamos a viver algo artificial, a pessoa que achamos que somos é algo artificial.