Sucesso nas relações
Nos meus tempos de estudante universitário dizia que a fidelidade é algo anti-natura. Nessa altura era muito influenciado pelo que via num ambiente de jovens cheios de energia e vontade tanto de viver como explorar. Nessa conjuntura, uma relação com uma única pessoa não era fácil. A ideia não me impediu de seguir o trajeto normal na nossa sociedade, namoro, casamento, filhos...
Chegamos aos 40 e voltamos à filosofia. Já não formalizo o pensamento da mesma forma, mas há coisas que se mantêm. E o que se mantém é que o nosso ego (regra geral) não é muito compatível com relações mono. O ego apresenta-nos um fluxo constante de desejos e isso inclui atração por outras pessoas. Não faz parte da sua natureza desejar algo, conseguir e fechar esse capítulo. O lado racional da nossa mente tem de intervir e disciplinar. Na minha visão é uma questão de decisão: cada um decide num momento se vai ter uma postura de fidelidade, a partir daí entra um processo de programação, de indentidade. Se há uma identificação forte com a ideia de fidelidade, o lado racional consegue controlar os impulsos: tu queres isso, mas eu não sou assim, não o vou fazer. Se a identificação não for muito forte - tipo, devia ser fiel - é mais fácil ceder ao desejos do ego. A verdade é que se gera uma batalha interior entre desejos e programação/identidade.
Por outro lado, as relações são difíceis, muito difíceis. E uma das grandes dificuldades é que o nosso ego quer fazer o que lhe apetece, quer que as coisas aconteçam de acordo com a sua vontade. Numa relação há 2 egos, cada um com as suas vontades e em disputa para impor a sua. Isto obriga a negociação, cedências de parte a parte, mas isto gera uma certo desgaste emocional. Uma disciplina permanente do ego cria estados de insatisfação, que, ao longo do tempo, podem levar a infelicidade. Claro que há o outro prato da balança. O ego também quer ser amado, desejado, precisa da estabilidade que só uma relação pode dar. A assim se vai navegando, enquanto se conseguir manter a balança equilibrada.
As relações são muito difíceis. A minha experiência diz-me que um grande ingrediente para uma relação longa e estável é duas pessoas tomarem uma decisão de que esta relação é para durar. Quando se toma essa decisão e a interiorizamos tempo suficiente, quando a integramos no nosso inconsciente, então, é possível ter uma relação duradoura. Na minha visão do tema, é uma decisão.